segunda-feira, 16 de setembro de 2013

PATRICIA HIGHSMITH, OS GATOS E O MISTÉRIO

 
 
Sempre me fascinaram as mulheres escritoras; mais me fascinam as mulheres que escrevem policiais e romances de mistério policiário; fascinam-me, sobretudo, as mulheres que gostam de gatos.
Patricia Highsmith adorava os seus gatos (na foto, com um siamês, que me lembra o meu "Fadista"), com quem vivia nessa solidão que se impôs, apesar de muitos romances conturbados na vida real, a maior parte com outras mulheres.
Era uma mulher bonita, talentosa e solitária. Essa solidão, que ela escolheu, permitia-lhe criações literárias de grande valor, fruto do seu talento e do seu método rigoroso de trabalho (impunha-se escrever dez páginas por dia).
Um dos grandes filmes de Hitchcock - Strangers on a Train (1950) - resulta precisamente dessa imaginação precoce e febril, que caracterizava os seus romances e contos policiais, onde o amor e o desamor seguem paralelamente ao crime e, a dada altura, se cruzam.
Há outra particularidade em Patricia que me agrada: gostava de banda desenhada. Segundo a biógrafa, Joan Schenkar,  durante sete anos, antes mesmo de se tornar famosa como romancista, Patricia Highsmith escreveu, em segredo, para clássicos de banda desenhada americanos, nos quais, no dizer da biógrafa " a figura do alter ego - basta pensar em Superman e Clark Kent - era a sua marca registada".

 De entre os livros que possuo de Patricia há um interessante exemplar da Colecção "Mestres Policiais" que a revista Visão resolveu editar no dealbar deste século XXI (2000). Fê-lo com tiragens assombrosas (100.000 exemplares), numa curiosa parceria com uma marca de chás. Essa colecção abriu com "O Álibi Perfeito",  título que é o da primeira de 5 belas novelas (ou contos), inseridas neste pequeno volume de 96 páginas, cartonado - o Álibi Perfeito; Não se Pode Confiar em Ninguém; Variações de um Jogo; Uma Segurança Assente em Números; Maquinações.
Boa iniciativa a da Visão; pena que não tivesse continuidade, independentemente dos apoios de chás, cafés ou laranjadas.


2 comentários:

  1. Tenho lido pouco ultimamente de Patrícia Highsmith – do que devia penitenciar-me – mas o seu "post" abriu-me o apetite para um reencontro com essa bela mulher e a sua escrita... cujos mistérios também são fascinantes.
    Tenho à mão, felizmente, "O Amigo Americano", na colecção "Alibi" das Edições 70, e é por esse mesmo que vou (re)começar.
    Um abraço do
    Jorge Magalhães

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  2. A Patricia deixou-nos romances e novelas interessantes, que vale a pena ler e, nalguns casos, reler. Depois de ter lido que a maioria dos romances da escritora tem alguma coisa dela própria, embora não caia essa maioria predita no aspecto autobiográfico,despertou-me a atenção para uma outra leitura mais distanciada no tempo, porque há ali alguns sentimentos próprios que ela quis expressar, não só relativamente ao divórcio dos pais, como também ao mau relacionamento com a mãe, ao contrário do que parece ter sido com o padrasto, de quem adoptou, como autora, o apelido Highsmith.
    Voltarei a falar dela, mas terei de reler e adquirir mais dados concretos.
    De qualquer forma, admiro-a como escritora e criadora, a sua independência e liberdade, a frontalidade com que ela encarou a vida, nem sempre sob os padrões da sociedade e contra estes. Há ainda a assinalar que ela gostava de gatos, o que eu considero ser "quase" uma companhia indispensável ao escritor. O gato é independente, tal como o escritor; suporta a solidão, tal como o escritor; possui em si um áurea de mistério que o eleva como companhia perfeita de quem tece enredos no campo da literatura policial.

    Abraço
    Santos Costa

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